Não sei a conta dos anos
Nas portas já carcomidas
Marcas de implacáveis danos
E as suas paredes tortas
Escondem lembranças mortas
Nas sobras dos desenganos
Rachões surgiram na frente.
No paredão do Poente
Que no silêncio deserto
Não dá pra dizer ao certo
Se foi morada de gente
No lugar que era o terreiro
Um pé de jurema Preta
Da flor não tem mais o cheiro
Um gato magro e com sono
Sem saber seu paradeiro
Que eu não sei quando caiu
O velho esteio quebrou-se
E depois da queda sumiu
Tem os restos de um pilão
Junto de um velho fogão
Que a gitirana cobriu
Hoje só resta os escombros
Sem cobrir mais os espaços
Ripas, linhas, caibraria
De longe assim parecia
Um esqueleto sem braços
Das louças de seu patrono
Tiras de um lençol, recordam
Do barulho do ressono
Penduradas nas ruínas
Da camarinha do dono
E do tempo sofrer maldade
Quem passa por perto sente
Que ainda tem dignidade
E nos restos desse cenário
De vez em quando um canário
Canta sentindo saudade.
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