Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Histórias de Beiradeiro: "Seu Vicente dos Grossos", por Zelito Nunes


Os Grossos ficam num entroncamento da estrada que liga São José do Egito a Tuparetama, em Pernambuco, e também conduz às cidade de Ouro Velho e Prata, na Paraíba e, dependendo da disposição do viajante, a Paris, Nova Iorque e assim por diante.

É um arruadozinho que não chega a ter vinte casas, com um campo de futebol onde o gramado são seixos, um grupo escolar e a bodega de Raimundo, um caboclo comprido que só a estrada do Juazeiro e que jamais vestiu uma camisa. Dizem que botou uma, pra batizar uma vez, um menino.

Raimundo é um matuto calmo, tranquilo e valente que não “abre” nem prum trem carregado de pólvora com um doido fumando em cima.

O trecho de estrada que liga São José aos Grossos é uma sucessão de curvas que mais parece uma serpente e é todo ornamentado de cruzes dos muitos acidentes que a estrada provoca.

Seu Vicente morava ali perto dos Grossos num sitiozinho pequeno onde passava os dias em meio a gerimuns, espigas de milho e uma “situação” de meio quadro de palma, que cortava para as duas vaquinhas de leite que criava com dificuldade, dependendo exclusivamente das chuvas, que são raras, e às vezes levam meses pra chegar .

Seu Vicente quase não saía e quase não tinha amigos, visto que todo o seu tempo era para a sua criação e a sua plantação. Ia nas segundas feiras até Tuparetama fazer a sua feira e conversar com os poucos conhecidos. Uma vez ia com destino a Tuparetama e um caminhão que passava deu uma chapuletada num bebinho montado numa bicicleta.  Não foi coisa de morte e o desgraçado só levou uns sarrabulhos, ficou meio amassado mas escapou. Seu Vicente viu tudo.

O delegado novato resolveu abrir inquérito e enviar ao juiz da comarca de Tuparetama e lá vai seu Vicente depor na audiência, diante de um juiz novinho que tinha idade pra ser o seu neto e um nó na gravata, na táboa do queixo, do tamanho de um ferro de engomar:

– Seu nome?

– Vicente de tal!

– Sua profissão?

– Trabaio na agricultura.

– Viu o acidente?

– A barruada? Vi sim senhor!

E tome pergunta e seu Vicente agoniado pensando nos bichos com sede no sítio e tome pergunta. O juiz dispensou seu Vicente, ele correu pro sítio, pensando que tudo tinha acabado ali. Quem disse? Um mês depois, lá vem outra intimação e lá vai o coitado depor outra vez, agora já era um novo e desconhecido juiz.

No outro mês, a mesma coisa:

– Seu nome!

– Vicente de tal!

– Profissão?

– Testemunha!

– Como testemunha?

Seu Vicente “pegou ar”:

– Doutor, o senhor é o décimo juiz que me faz essas perguntas e o meu gadinho que tá la no sítio com fome e sede não quer saber disso não. Vamo fazê assim: O senhor me prenda logo que é mió pois todo dia eu vou tá aqui pra depor na sua frente!

Zelito Nunes


Jornal Besta Fubana

Nenhum comentário:

Postar um comentário