Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 11 de março de 2013

POESIA: Manoel Xudú, um poeta lírico

Neste mês se fosse vivo, Manoel Xudu completaria 81 anos, no próximo 15 de março, nascido que foi nesta data em São José do Pilar, hoje São José dos Ramos. Cantou com mais de cem, só perdeu para a jurubeba (pinga) que o levou ao túmulo. Virou repentista imortal, o maior de todos depois de Pinto do Monteiro, nesta arte extraordinária que é a poesia do repente é o grande poeta Manoel Xudu Sobrinho, Manoel Xudu, ou, simplesmente, Xudu, nasceu em São José de Pilar-PB em 15 de março de 1932 e faleceu em 1985, em Salgado de São Félix, onde residia.

 

Em uma cantoria o poeta Furiba entregou-lhe esta deixa:“Vê-se o pequeno saguimPulando de pau em pau”Xudu respondeu:

Admiro o pica-pau
Trepado num pé de angico,
Pulando de galho em galho
Tocô, tocô, tico, tico,
Nem sente dor de cabeça,
Nem quebra a ponta do bico.

Manoel Filó, admirável poeta, descrevendo com Xudu a vida dos pássaros, terminou uma sextilha assim:

Pra tão longe a ave voa,
De volta não erra o ninho.
 
Xudu, arrematando:

A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho de feno,
No meio bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.

 Manoel Xudú era um abençoado de Deus. Certo dia, em seu desafios, um colega abordou:

Caro Manoel Xudu
tenho santa inspiração...
Xudu pega na deixa e diz:

Sou igualmente a pião
Saindo de uma ponteira
Que quando bate no chão
Chega levanta a poeira
Com tanta velocidade
Que muda a cor da madeira.

QUEM PERDE MÃE TEM RAZÃO
DE CHORAR O QUE PERDEU.

Manoel se concentrou, mirou com os olhos da mente o céu dai nspiração, e começou:

Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mamãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Minha mãe me deu um tapa
E depois se arrependeu
Beijou aonde bateu
acabou a inchação
Quem perde mãe tem razão
De chorar o que perdeu

De outra vez, Manoel estava cantando e um camarada, meio bêbado, oferecia-lhe cerveja e insistia: "Olha a cerveja, Manoel ! Toma a cerveja!..." Manoel desembuxou e disse:

Deixe de sua imprudência
Deixe eu findar a peleja
Como é que eu posso cantar
Tocar e tomar cerveja
Cachorro é que tem três gostos
Que corre, late e fareja

Certa vez Xudú estava doente em um hospital sem poder receber visita, e uma enfermeira para quebrar aquele clima, trouxe um pires de doce. Aí ele abriu os olhos e disse:

No leito do hospital
Quando doente eu estava
A enfermeira trazia um pires
De doce e me dava
Só era doce no pires
Na minha boca amargava

O médico permitiu a entrada de um amigo muito intimo e cumpadre e poeta também, ao entrar no quarto o poeta soltou uma birncadeira para ver se quebrava o clima da tristeza:

“Essa boca de xudú´
Muito cachaça engoliu”
Xudú Respondeu:

Mais o doutor proibiu
De eu tomar cachaça e brama
E hoje eu bebo somente
Deitado na minha cama
Algumas gotas de lágrima
Que minha esposa derrama
  
No mesmo dia  a mulher dele segurou a sua mão e ele disse:

Quando eu segurei a tua mão
Foi achando que ela estava fria
Ela tava tão quente e tão macia
Igualmente um capucho de algodão
Vou mandar repartir meu coração
Pra fazer-te presente dá metade
Pra gente ficar de igualdade
Tu me dá teu retrato eu dou o meu
O retrato me serve de museu
Pra eu guardar meu tomance de saudade

Deram um mote a Xudu: " A viola é a única companheira do poeta nas horas de amargura." Ele versejou: 

" Se eu morrer num sábado de aleluia
 E for levado ao campo mortuário,
Se alguém visitar o meu calvário,
Jogue água em cima com uma cuia.
Leve junto a viola de imbuia,
deixe em cima da minha sepultura.
Muito embora que fique uma mistura
De arame, de pus, terra e madeira,
A viola é a única companheira 
Do poeta nas horas de amargura 

Fontes: Livro de Zé de Cazuza "POETAS ENCANTADORES".
             Livro de Zé Marcolino (Vida, versos, violas)
             e Cantigas e Cantos

Nenhum comentário:

Postar um comentário